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Louvre

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Milon of Crotone

Pierre PUGET

Atleta grego várias vezes vencedor nos Jogos Olímpicos e Pythian, envelhecendo Milon queria testar seu vigor, dividindo um tronco de árvore já entreaberta. Sua mão permaneceu presa no tronco e ele foi devorado pelos lobos. Puget substitui-os por um leão, um animal mais nobre, e cria uma composição de veemência e teatralidade barrocas: o corpo se retorce de dor e a carne estremece sob o cinzel.

O tema, até então desconhecido na escultura, não é apenas uma meditação sobre a Força conquistada pelo Tempo, mas também sobre o orgulho do homem: Milo é, acima de tudo, vencido por sua vaidade, que recusa a fraqueza de sua época. Sua dor é moral e física. A glória humana é efêmera, como simboliza a taça conquistada nos Jogos, que está no chão, irrisório.
A escolha de tal assunto para uma obra destinada ao rei é bastante estranha. Puget vai reeditar a audácia, com seu baixo-relevo Alexander e Diógenes, que está no Louvre.

Mesmo que ele trabalhe todos os rostos com igual virtuosismo, Puget favorece a visão frontal: o trabalho é apreendido em três quartos. O corpo de Milon contorcido de dor é um imenso ziguezague: três diagonais de tamanho decrescente se encaixam e culminam com a cabeça jogada para trás em um grito de partir o coração.

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Dicas

O corpo é arqueado contra o tronco da árvore, eixo em torno do qual gira a composição. No centro, o mármore é perfurado por dois grandes dias que liberam a silhueta do atleta: esse recesso da base, raro em escultura, é um feito técnico.

Puget certamente tem em mente o Laocoonte helenístico, uma escultura das coleções pontifícias, que constituía para os artistas o exemplo da dor heróica. O sumo sacerdote de Tróia, um homem idoso, morreu estoicamente, sufocado pela serpente enviada pelos deuses. Mas Puget cria um trabalho moderno. Ele não idealiza a representação do herói e substitui a antiga serenidade pela veemente expressão do sofrimento. O corpo está arqueado pela dor, o rosto nada mais é do que uma careta, os dedos contraídos seguram o chão.
Quando a escultura foi revelada em Versalhes, em 1683, a rainha Marie-Therese teria excluído: "O pobre homem!" A beleza do cinzel de Puget nos faz esquecer o mármore: as garras do leão parecem afundar na carne. Os músculos se contraem, as veias se projetam, as modulações da superfície dão a sensação da carne trêmula.

O escultor contrasta o polimento extremo do corpo com o tratamento mais brutal dos outros elementos: o pêlo do leão é cortado com um cinzel, o tronco e o chão são riscados na ponta. Ele assim distingue os três protagonistas da história pelo tratamento da superfície: homem, animal e natureza.